Get Out: Corra

março 15, 2018



Vivemos na era do debate, da desconstrução, do empoderamento, de uma grande quebra de silêncio e tabus, mas alguns permanecem enraizados em nossa cultura, tornando o trabalho ainda mais difícil. Um grande exemplo disso, é o racismo. Hoje em dia ele é velado, mascarado por um sorriso amarelado ou um olhar atravessado, ou como tornou-se comum, na frase "não sou racista, eu tenho até amigos que são negros", que serve de desculpa pra propagar o ódio de forma condescendente. E isso levou Jordan Peele a fazer uma adaptação cinematográfica dessa frase.


A trama é focada no relacionamento interracial entre Chris (Daniel Kaluuya) um jovem fotógrafo negro e Rose (Allison Williams), uma menina branca de família tradicional. Eles saem em uma viagem até a casa dos pais dela e apesar de estar acostumado com os olhares atravessados e comentários hostis, ele se preocupa com a possibilidade de sofrer exatamente isso durante o fim de semana fora e ela, em uma tentativa de  levar conforto ao namorado, ela afirma: "Se meu pai pudesse, ele teria votado no Obama pela terceira vez." 


O filme é um relato nítido do que a sociedade mantém presa em seu íntimo. Essa violência ora quieta, ora tão alta que ensurdece e até mesmo tira vidas. Get Out mostra a hipocrisia de uma sociedade que se intitula júri e juiz, tendo como evidência apenas a cor da pele. É possível ver de forma dolorosamente cristalina a opressão e as vozes sendo silenciadas. Rod, o melhor amigo de Chris, um agente da TSA é forçado a desvendar os mistérios por trás das poucas informações fornecidas pelo amigo, já que a própria polícia tira sarro de suas teorias sobre o desaparecimento do amigo. 

 (Rob e Sid, melhores amigos de Chris.)

Até hoje, o filme mais aterrorizante que já vi, foi Corra! Não por seus efeitos especiais ou pessoas se contorcendo no chão, mas pelo preconceito palpável que todos fazem questão de negar ou tentar justificar. Pela forma que seres humanos tratam outros seres humanos, usando a cor da pele como justificativa para seus atos e palavras. Ao assistir esse filme, a sensação é de ter um punho atingindo o estômago, porque ele é um filme contando a história de muitos e isso é assustador. Principalmente por ouvir o mesmo relato de pessoas próximas a mim. 


Opinião/Crítica

Após terminar esse filme, conversei com uma amiga que passa por isso diariamente e tivemos a mesma impressão do filme. Ele é uma forma de mostrar que o negro ainda é visto como sempre, como escravo, como se não tivesse valor. É gritante a forma que o negro é desacreditado, diminuído, tratado com desdém e desrespeito por pessoas que acreditam estar acima do bem e do mal. Não tenho o que dizer, apenas sentir: E o sentimento que fica é de vergonha e revolta. 

Tirem suas conclusões e estejam prontos para a bofetada, porque ela vai doer. 

Até a próxima.
Com amor, Camilla.

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